É urgente uma nova política,<br>é necessário continuar a luta!

João Dias Coelho (Membro da Comissão Política)
Ainda não tinha acabado o ano velho e iniciado o ano novo e já Israel senhor imperial da região, atacava o Estado e o povo palestiniano por terra e ar, provocando centenas de mortos e feridos, destruindo infra-estruturas básicas.

O XVIII Congresso apresentou soluções para os problemas dos trabalhadores e do País

As imagens televisivas que nos chegam, transmitindo a brutalidade dos acontecimentos, escondem que entre ocupados e ocupantes, entre agressores e agredidos há uma grande diferença, e colocam os meios militares usados pelos agredidos para se defenderem ao nível dos meios usados pelo agressor e ocupante. É claro que alguns de nós sabemos que a campanha comunicacional, montada em torno desta ofensiva brutal de Israel que chega até nós, obedece a uma central de informação que difunde as linhas fundamentais para os noticiários em todo o mundo capitalista e é controlada pelos senhores do capital, mas continua a ser vergonhoso pôr as partes em equiparação e colocar Israel como o agredido e ofendido. Na verdade, esta ofensiva insere-se na linha provocatória que Israel, no quadro do não cumprimento das resoluções da ONU, tem vindo a desenvolver, prática aliás só compreensível pelo apoio dado pelos EUA e a hipocrisia da UE, que procuram manter os interesses geoestratégicos na região. Ninguém com um mínimo de bom senso aceitará como verdade que a acção militar de Israel foi espontânea e de resposta aos rockets. Para além das sucessivas provocações feitas por Israel ao longo do tempo junto da fronteira com Gaza, facilmente se conclui que, pela sua dimensão e estruturação, esta operação estava há muito a ser preparada, correspondendo à clara intenção do domínio imperialista da região por parte de Israel e dos seus aliados.
Estava o ano de 2008 a fechar e eis que fomos também brindados com duas mensagens, uma de Cavaco Silva e outra de Sócrates. Apesar de o primeiro pôr o dedo na ferida daquilo que é o sofrimento do povo em resultado das políticas por si realizadas em tempo idos e agora por si apoiadas, o enorme esforço que analistas e comentadores políticos fizeram para encontrar diferenças substanciais nos conteúdos destas duas mensagens não chegou porque, na realidade, elas convergem no essencial da análise e das receitas.
Ambos reconhecem que há crise e que ela é profunda, mas é bom não esquecer que durante muito tempo um calava-se e o outro dizia que ela não chegaria até nós e que estávamos preparados para o embate. O reconhecimento de uma verdade incontornável, e sobretudo começada a ser sentida de uma forma mais profunda pelas pessoas concretas que vivem do seu trabalho, que vêem os seus empregos a desaparecer e as suas condições de vida em acelerada degradação, não pode entretanto esconder que os problemas estruturais do País e dos trabalhadores reside em primeiro lugar nas políticas de direita que o Governo do PS tem vindo a desenvolver e que levou a que o País importe 70% das suas necessidades alimentares e que o desemprego atinja níveis nunca antes vistos.

A crise não toda a todos

É aliás sintomático que, fazendo eco das mensagens proferidas, vários comentadores e analistas políticos ao serviço do poder dominante difundam a ideia de que a «crise» toca a todos e que perante a situação e o seu agravamento os trabalhadores e o povo em vez de lutarem devem aceitar os factos e as soluções do Governo como inevitáveis e garantir a estabilidade governativa.
Não, a crise não toca a todos! Enquanto milhares de trabalhadores se vêem sem emprego e com o aumento das suas contas por pagar, os 5 maiores bancos portugueses arrecadaram 1548,9 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2008 e as empresas de energia e telecomunicações 1898,8 milhões de euros. É contudo a estes que o Governo, numa reafirmação das suas opções de classe, continua a apoiar, disponibilizando verbas e fundos, «nacionalizando» os prejuízos, dando cobertura, ao fim e ao cabo, ao desvio de milhões de euros por parte de gente «cotada» como empresários de sucesso.
Entretanto, realizado há bem pouco tempo, o XVIII Congresso do Partido reafirmou a sua natureza, identidade e projecto de transformação revolucionária da sociedade, apontou caminhos, propostas e soluções urgentes para os problemas dos trabalhadores e do País, traçou como linhas fundamentais o reforço do Partido e da sua afirmação política, o desenvolvimento da luta dos trabalhadores e das populações, o alargamento da unidade e da luta pela ruptura com a política de direita, apresentando a CDU como um espaço de unidade, convergência e participação democrática, onde cabem todos aqueles que querem e desejam uma vida melhor.
O ano que agora se iniciou, apesar de se apresentar como um ano difícil para os trabalhadores e o povo, é simultaneamente um ano de exaltante exigência revolucionária, exigindo de todos e de cada um de nós, militantes comunistas, democratas e amantes da paz, um esforço redobrado na concretização das tarefas que temos pela frente no sentido da concretização de uma verdadeira alternativa política.


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